Viver e aprender a olhar
A minha ideia de arte é bem fascinante, tudo me parece ter potencial para ser uma grande obra de arte, seja uma árvore centenária que insiste em impor sua imponência e libertar suas raízes em meio ao concreto do asfalto, até uma simples carroça em meio aos carros atrapalhando o trânsito, isso daria uma bela foto.
O olhar não é simples e depende essencialmente do seu dono. Quando somos crianças aprendemos a escrever, mas o olhar parece ser algo intuitivo que ninguém precisa nos ensinar, seu aprendizado é algo óbvio e desnecessário. Mas depois percebemos que somos analfabetos no olhar, as imagens vem e vão e não conseguimos enxergá-las.
Eu não desisti e continuo aqui em busca de enxergar o que pode ser visto, ou pelo menos o que meu olhar é capaz de alcançar hoje (sem tirar da cabeça que ainda há muitas coisas que aprenderei a ver). As artes visuais me cativa porque é um exercício diário, além de ser um desafio constante.
Hipócrates disse – “Breve é a vida, longa é a arte”. A arte não é apenas longa, ela é eterna. Pense em Lascaux ou em Altamira, cavernas onde há registros de pinturas rupestres datada de 15000 anos a.C., essas pinturas são a prova que arte desafia e vence a morte, vence os limites da vida e principalmente nos ensina sobre um povo determinado, sua cultura e seus costumes. A arte nos comunica com presente, mas também com o passado, por isso é importante saber olhá-la.
A arte de um povo, em uma época específica é única e cheia de elementos originais, por isso é inadequado classificar uma obra de arte melhor ou pior, já que a história da arte não é um mundo que valoriza a capacidade técnica e sim as ideias. Gombrich nos diz: “É importante entender isso desde o princípio, pois a história da arte, em seu todo, não é uma história de progresso na proficiência, mas uma história de ideias, concepções e necessidades em permanente evolução”.